segunda-feira, 15 de maio de 2017

ALTER EGO

Acima dos marcos, das marcas deixados
Alguma sombra reflete-se, pouca,
Ascende essa tênue luz, ainda rouca,
Reside em espasmos fracos:
Meus resíduos cacos
Ainda espalhados.

Ao passo que se fez notável,
Tirou a razão para dançar, co-moveu:
O mesmo sorriso em nossas linhas;
O abrir dos olhos;
As mãos junto às minhas;
Cada vez menos cacos refletindo a dança
Entre minha imagem e semelhança.

Espalhados, meus cacos de espelho
Aderentes à face lisa
À sombra quiseram. Formaram, criaram
Imagem concisa
Do tempo
Do sonho mais belo
Que é meu universo,
Paralelo.

ALTERA INDE,
ALTER EGO,
Que é tão outro,
Quanto mais é outro,
Menos é eu.

Como oposto a todo meu movimento
Refletia-se como não fosse espelho
O que não sou eu, nem é sombrio
Toda a luz que falta
Ao meu vazio.

Fez-se,
Fazendo sentir mais a vida,
Fazendo sentir mais,
Fazendo sentir,
Fez-se feito feixe
A luz, e vi que era boa.

Como se desequilibra a assimetria
Da imagem espelhada,
Pende a luz de um lado do vidro ao outro,
Como o desespero por respirar durante o
                                      [afogamento,
Como se completam mãos,
E olhares,
E sorrisos.