Como alguém que descreve a fragrância de um perfume sem nome,
descrevo
o perfume
sem nome, nem fragrância
dos traços que renderizam
ou apenas desenham
o que dá pra chamar de
um traço discreto;
de realidade;
de afeto.
Como um perfume sem fragrância,
o silêncio se cristaliza
como a falta de pensamento,
desliza
sobre o conforto do amor,
sobre um ombro,
em direção ao calor.
Como a minha poesia não tem fragrância,
aprecio, em versos crus,
o silêncio de um bom perfume.
Como um perfume sem nome,
borrifar palavras sem cheiro,
por mais que me exaltem
ou que as palavras me faltem,
não pesa o papel
nem o torna vazio.
Como um perfume sem nome,
é o silêncio de mãos quentes
que cessa o frio.