quinta-feira, 8 de abril de 2021

Guarda Costeira

Te ouvi gritar ao vento,
Fosse o oceano reagir,
Já distante de onde emana teu caminho,
Se pudesse a luz
Te conduzir
Nessa dança rebelde,
Na frequência oculta:
Onda a onda,
Tua súplica transmite qualquer mágoa,
Corrupta,
Que teu coração esconda.

O oceano reage a cada segundo,
Não a ti.
Capta cada grão
De areia
Largado à desconexão,
Reconecta,
Ao passo de tua indecisa frequência,
Tua muda aflição
À impotência.

Como as lágrimas que nunca te vi ofertar,
Teu pranto é a redenção
Frente ao fim,
Frente ao mar,
É absorto
Meio triste, indecifrado
Em tua exaustão.

Quando te ouvi,
Não o vi de bom tom,
Não havia água,
Não havia som.

Quando eu te vir afogar,
Se tudo isso não for colocado pra fora, afunda.
Mas a roupa da impotência já não flutua,
Nem a veste do medo, nem...
Nada.
Como as pedras imóveis na praia eu não falo mais nada.