Tinha medo das luzes e do peso dos
[cabelos:
Agora, mais nenhum fio tem a marca dos
[dedos,
Só algum suspiro de reflexo
Que espelhou o anoitecer
Ou o lamento desconexo
Que cada vez mais se quis desconhecer.
Quanto mais andava à sombra, menos a cor aparecia.
Tinha medo das luzes noturnas
Que embonitavam a noite.
"Ô, menina, mais bonito é teu sorriso,"
Ouvira em tom liso
Ou virou mesmo é uma louca.
As cores! Sim, há algo a misturar nelas
Que se destacam na luz pouca.
Ainda é luz, menina, ainda é vida.
Vestiu aquela imagem como se
[projetando na alma
Não estivesse almejando
Ou se na pouca luz míope
Enxergaria alguma face
Ou se o novo casaco a disfarçar o frio nos
[ombros
Também não pesasse.
As mesmas luzes ainda revelavam
Aquele cansaço que a ela escorria
Desde o luar, já não reflete mais
O frustrante fardo da tela vazia.
O rosto era líquido como os olhos tristes
Que vertiam o azul de uma aquarela suja.
Tinha mágoa das cores de fundo de nada,
Da garota do espelho,
E de sua cara de preocupada:
Eu não vejo cores,
Eu não vejo a mim,
Eu já nem vejo,
Só deixo borrar.
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