domingo, 21 de outubro de 2018

Kadath

Como se não fosse parte de mim,
O olhar,
Recorrente e saudoso,
Do espelho,
Procura em minhas formas e lembranças,
Em minhas mudanças habituais,
Algo que talvez fosse parte de mim
E deixei para trás.

Como se houvesse algo a mais
Entre Safo e o espelho,
Entre a melancolia e o corvo,
Portugal, o mar, o capitão,
Uma beleza abandonada
Pela incompreensão,
Deixada por própria vontade
À deriva
Da futilidade
E já não há mais.

Como se eu não tivesse sonhado
Uma paixão coração despido,
O espelho me julga
Em duplicado sentido,
Como se não fosse mais simples
Expressar direto o que penso a mais,
Tenho pesadelos
Demais.

Como se não fosse belo
Abandonar a dor
E olhar para trás.

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