terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Aquela marca na nossa página

Não sou ladra de livros,
Caçadora de recompensa, sou quase
                    [o inverso.
Eu só sempre quis
Entender que tipo de universo
Você troca pela vida.

Você leu pouco demais
Para aprender a convencer
E o seu jogo de quatro peças,
Bom dia e tá tudo bem
Não engana ninguém.

Quando tive raiva de você,
Me neguei a aprender o seu mundo
Sem perceber
Que eu vivia, mesmo que sozinha,
Em cada estrofe,
Em cada entrelinha.

Quando tive raiva de você,
Quis rasgar todas as folhas
Até me encontrar ali
E sentir que doía em mim também.

Então voltei à página
Do meu poema favorito,
Armada,
Com a ponta afiada
Do bico número cinco.

E aquela poesia
Tão curtinha,
Amada,
Com a melancolia da tinta
Aos poucos foi marcada.

Você não larga essa ficção,
Não enquanto viver,
E aquela página sempre estará
Isolada, mas não sozinha.

Você vira se quiser,
Mas nos seus intertextos da vida,
Ela sempre será sua
E também sempre será minha.

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