Uma silhueta se deixa derramar sobre a
[minha parede dos fundos.
É inesperada,
É desesperada,
É desumana.
Trôpega ao inequilibrar suas formas,
É uma silhueta narcisina,
E invasiva
E masculina.
Um ego mimado,
Arquetípico,
Arquejado,
Arrastando-se de sombra em sombra na
[minha parede
Narciso inconciso,
Cansado
E com sede.
O álcool na minha boca não é licença
Pra sombrear-se esse vulto alcoólico
Fedendo ao vinho mais barato da
[dispensa.
Nem a necessidade de barulho
Do disfarce maltrapilho,
Pedante,
Insignificante
É mais importante que a paz do meu
[silêncio.
É vulto de amor barato,
Destroçado,
Distorcido,
Chorando suas lágrimas de uva
Feito estanco
Vertendo podridão
No meu tecido branco.
Esse amor insatisfeito, invasivo,
[imperfeito,
Não é amor,
É projeção que se esconde,
É sede,
É um vulto atirado
À minha parede.
Não vou assumir sua taça
Desprotegida,
Estilhaçada,
Espairecida
Como se amor significasse a sombra
Ou significasse cada lágrima derramada
Ou significasse,
Ma(i)s nada.
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