segunda-feira, 13 de março de 2017

Morrereis
Como pui a seda de vossa pompa
E derrete o gesso de vossas faces
E definha vosso império, traço a traço
E não se pode mais esticar as rugas
De vosso cansaço,
E não sabeis
Que rogais vossa praga,
Que salgais em vossa carcaça a chaga
E enxergardes reis
Nas translúcidas portas que dão para fora.

Adentro já se ouve.
Não me resta sequer irmandade.
Aos meus olhos, sois indivíduos,
Como peças de um quebra cabeça,
Um a um a nunca mais que isso,
Um a um todos reis,
Morrereis
Em vossos gritos que adentro se ouve
E afora se ignora,
Pois da vossa sede, o memento
Se marca nas rochas
Do esquecimento.

Morrereis
Como morre a caridade alheia,
Como leva o vento
Um castelo de areia.

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