segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Poderia ter sido um soneto de amor

Eu sinto muito
Se esse for o nosso último poema
Se eu nunca mais quiser escrever sobre
Esses papéis que eu sempre rasgo depois
(Sob as mãos que tremem de frio);
Esse tal de nós dois.

Sinto toda a hora
E todos os dias,
Quase inerente à respiração,
Esse desolado medo
Desgarrado ao leito, da sensação
De que nossas mãos se afastam dedo a
                    [dedo.

Sinto saber
Que não foi a minha noite que estragou
                    [tudo,
E sim todas as outras em que chorei
Tua isolação carente,
Tuas lágrimas tímidas,
Tua presença ausente,
Onde estava você enquanto tentávamos
                    [ser felizes?

Sinto saber (sinto muito)
Que ainda vou sentir muito
Que ao menos eu, sei que sabia
O significado de pra sempre antes mesmo
                    [de dizer.

Sinto o sabor
De sorrir novamente
Porque a opção menos imoral
Foi trocar pelas pílulas teu amor
Tão material,
Tão contra o intuito,
Que querer tentar curar nossas dores,
Pra você, era muito.

Sinto saudades
De não sentir saudades
De saber que até que a gente tem jeito
Se eu quiser tentar,
Mas não quero.
Sinto muito se um dia
Eu acordar sem saudades de ti,
Nem ninguém,
Apenas saudade que faz bem,
Saudade de mim.

Eu sinto muito se assim como o poema,
Eu não fizer alarde de mim
Nem de nada
Nem esconder
Tanta letra ilegível.

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