sábado, 30 de maio de 2015

Sonhos

Sono...
Vontade de voltar a sonhar
Vontade de fugir da vida
E simplesmente respirar.
Esperança de premonição
Sendo doce a canção
De ninar,
Incontroláveis ódio e amor,
Em meu pesadelo, momento
        [de horror.
E nas vezes em que sonho
        [acordada,
Nessa vida odiada
Não quero estar
Resumindo meus dias em sono
Até que não tenha sentido
        [acordar.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Nota

Perdoem, amigos,
Esse meu escapismo,
Esse meu altruísmo,
Esse meu bucolismo,
Essa minha atitude
Que parece egoísta,
Mas é contagioso
Essa busca por ócio,
Esse bosta negócio
De desilusão.

Nunca foi intenção
Morrer tão rápido
Nesse convívio
Tão ácido
De não poder seguir meu
        [intuito
De ser feliz
E ter o ódio gratuito
De cada um que me diz
Que sou obrigada a me abster
        [de amar.

Me despeço
De cada raíz e viga
Daquela árvore
Amiga.

Perdoe, menina,
Se te magoei, perdoe.
Teus poemas são tão lindos...
Meus dilemas, não poucos,
Incluíam meus sentimentos
Loucos
De não querer abandonar
Meu copo de Cuba Libre,
Teu abraço de moletom
E teu beijo de gengibre.

Desculpa, amigo,
A ousadia
De alterar o fluxo
Da boa energia,
De gastar tua explicação
De astrologia
Quando, por dentro,
Eu sempre soube
Que a escolha de manter
        [distância,
Que essa maldita inconstância
Sempre bem me coube.

Perdão, amiga,
Você entende que me cansei
De querer sentir essa dor física
Ao sentir cada um dos meus
        [impulsos,
Pois após tanto tempo, ainda
Cicatrizam meus pulsos.

Essa é uma nota
De um suicídio
De vocês,
Me vou definhando
Mais uma vez,
Mas não se preocupem ao não
        [me ver,
Preciso de um mísero punhado
        [de cinzas
E logo já vou renascer.

Eu já vi
A vida desabar num dia,
No outro, alegria
No seguinte, solidão.
Já tomei
Todos os remédios do armário
E perdi a memória
Do que houve desde então.

Eu já quis
Morrer por motivos tão mais
        [pequenos,
Então, por hoje, me deixem ao
        [menos
Tentar ser feliz.

sábado, 16 de maio de 2015

Geladeira

Te vi acordar
Por todos esses dias
E misturei o café solúvel
Na sua caneca cor-de-rosa
E cada torrãozinho junto ao
        [leite
Derretia
Como esse coração, até o dia
Em que eu aceite
O outro lado da minha cama
        [vazia.

Talvez agora eu me encontre
Porque não mexer o seu café
Está sendo o fim
Dessa Odisseia
Em busca do que restou de
        [mim

E a canequinha eu quero que
        [você
Leve de presente
Da sua mudança,
Só para eu não ter que olhar
        [para ela
E reviver essa lembrança,
E será a única coisa que não
        [vou
Pedir de volta.

Mas, você já levou
Meus poemas,
Meu amor,
Minha risada corriqueira,
Levou até a geladeira
E me deixou
Uma poça de lama,
O vazio no seu canto
Da nossa cama
E urgência de pranto.

Poema dedicado ao meu padrinho que, após dez anos da separação, resolveu se mudar da casa da minha tia e deixou ela sem geladeira.

quarta-feira, 13 de maio de 2015


Desculpa mãe
A intenção não era morrer
Era sentir alguma coisa
Ao menos
Ao coração
Mais uma vez
Não vou pontuar o poema
Pois essa é uma dor contínua
Uma dor assídua
Uma dor que não quer morrer
Que me obriga a não por
        [vírgula
Quem sabe na próxima esquina
Eu encontre alguém
Que me leve pro quarto
Quem sabe eu infarto
De tanto me abster

sábado, 9 de maio de 2015

III.

Me sento ao seu lado
E sinto sua falta.
Por que tão calado?

O sono chega a parecer
        [depressão.
Não tenho certeza se estou
        [amando,
Mas é como morrer com cada
        [segundo
Que você enrola para levantar
        [da cama
E desabar com a lembrança
De que você disse que me ama
Por não ter certeza se é real.

Não sei se sou cômica
Ou sou trágica,
Não sei se sou prólogo
Ou trama
Ou epílogo,
Se sou só drama
Ou sou mais uma
Das suas esquetes
(Que faço com o pano
  De guardar confetes
  Se tenho medo
  Do fim do carnaval?).

Porque me sento ao seu lado
E sinto sua falta
Vagueio por seu olhar,
Me esquento no seu abraço,
Me encosto no seu ombro,
Procurando algum pedaço
De reciprocidade.
Você é passivo de todo
        [sentimento,
Mas é quente e calado.

Não sei que parece meu sono,
Mas jurei não levantar da cama
Antes de terminar o poema
Porque tenho certeza de que
        [estou te amando,
Porque é como morrer
A cada segundo de incerteza.

(Se eu pudesse ao menos
        [escolher
Entre amar ou não amar,
Estaria incerta
E por estar incerta já estaria te
         [amando)

Me sento ao seu lado
E me sinto inconstante
Toda vez que perco
Esse olhar tão distante
De mim.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

I.

As ondas pouco balançam
Nessa maré de omissão,
Não caia, esfrie ou morra,
Ó doce capitão.

Esse é um poema tão
        [sangrento que
Não cabe em pouca veia,
Não cabe em pouca droga,
Não cabe em pouca bebida,
Entristece a batida
Da minha canção.

Por favor, não diz que não
Ou eu me despedaço.
Se a dor não cabe em teu
        [coração,
Será que cabe no meu abraço?

Parece-te à parte da vida
Trancado nesse convés,
Só,
Sem Sol,
Sem vida,

Caído,
Frio,
Morto,
Meio sorriso torto
Em tua expressão.
Abre os olhos e vê
Que o farol se acende em
        [máxima voltagem
Nessa triste viagem
Que é viver.

Se o ânimo é desfeito,
Me aperta ao teu peito
Até afastar a cruel tempestade,
Mas nunca deixe pela metade
A ocasião de aparecer.