sábado, 16 de maio de 2015

Geladeira

Te vi acordar
Por todos esses dias
E misturei o café solúvel
Na sua caneca cor-de-rosa
E cada torrãozinho junto ao
        [leite
Derretia
Como esse coração, até o dia
Em que eu aceite
O outro lado da minha cama
        [vazia.

Talvez agora eu me encontre
Porque não mexer o seu café
Está sendo o fim
Dessa Odisseia
Em busca do que restou de
        [mim

E a canequinha eu quero que
        [você
Leve de presente
Da sua mudança,
Só para eu não ter que olhar
        [para ela
E reviver essa lembrança,
E será a única coisa que não
        [vou
Pedir de volta.

Mas, você já levou
Meus poemas,
Meu amor,
Minha risada corriqueira,
Levou até a geladeira
E me deixou
Uma poça de lama,
O vazio no seu canto
Da nossa cama
E urgência de pranto.

Poema dedicado ao meu padrinho que, após dez anos da separação, resolveu se mudar da casa da minha tia e deixou ela sem geladeira.

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