domingo, 10 de janeiro de 2016

"Mas sim, senhor!"

Sou espectadora
Da chuva de verão,
Toda a chuva a descer:
Eu também quero chover
Quando além da chuva tudo
                    [escorre.
Flui a energia de dentro,
Sempre pra fora, até a vida,
Tudo morre.

Um a um,
Entre as flores:
Meus pilares,
Meus amores.

O velho tinha medo de morrer
E deixar a gente no desespero
E só,
Mais nada,
Conversar pra quê?

(Há um lugar que eu odeio,
Aonde tudo o que foi
Nunca mais voltou,
Porque ele veio do submundo
Sem a alma,
Sem a luz,
Há um lugar que eu odeio,
Aonde tudo o que vai
Nunca mais voltará)

O velho era ríspido
Ao amanhecer,
Ah, era, "sim senhor",
Mas o calor
Até a aurora
Derretia a manteiga de cima da
                    [mesa
E ele se preocupava com a saúde do
                    [cachorro.
O velho era sério e foi doce.

O velho era velho e foi velho,
Mais velho é o meu coração
Onde não passa nada
Depois da morte,
Não, senhor.

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