segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Ruído

Me ergo sinergicamente ao olhar do espelho,
Como se entendesse o anseio
Por desvendar cada pensamento
De um bloqueio,
Raciocinando cada estanco
Como um ruído branco
Rondando a indisposição,
Como se o espelho
Fosse me fazer enxergar algum detalhe perdido,
Algum entalhe no estanco
Tão sentido,
E sou apenas refém, me ajoelho
Como marionete
Do espelho.

Me perco inevitavelmente em tentar agir,
Porque nada nunca acontece,
Porque ao cair,
Há uma força que me segura
E me ampara de tudo que parece estar no fim,
Confortável como veludo,
E vinda de dentro de mim,
Porque, no fundo,
De onde estou sempre compondo,
É onde me escondo,
Com isolamento acústico brando
E me faço pensar em ruído branco.

Como marionete avessa do espelho,
Sempre fazendo o empírico
Estrago insensato
Do meu eu-lírico,
É no espelho que busco o sentido
Por trás do ruído,
Do meu eu escondido.

Talvez minha mente esteja em coma,
Talvez apenas não compartilhamos
Do mesmo idioma,
Porque minha mente se estica numa onda única
Daquela mesma música,
E meu corpo, treme,
Em pose retraída
Se apossando timidamente
Da batida.

Mas por dentro, eu sinto tanto algo que tanto me valia,
Que em meio ao ruído nem sei o que é,
Mas sinto que é saudade da poesia.

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