segunda-feira, 5 de junho de 2023

Recado das 11

   São quase onze da noite e eu tenho palavras que pairam por minha mente o dia todo. Não as entregarei a você hoje. Porque até as onze eu falei demais, depois das onze não pensei em mais nada, e mantive minha cabeça vazia até conseguir descansar. Aqui as registro, e talvez às onze de algum outro dia, quando você possivelmente tiver curiosidade por esse emaranhado de palavras, as descubra, como se fossem a história de algo que não se soubesse ainda. Talvez eu te leve, amanhã mesmo, pra palavras perto dessas, apenas para que você encontre essas aqui.
   Faço isso como uma garantia de que, em algum lugar, exista registro, com data e hora, de que de manhã - que foi a primeira vez que tive neurônios e tempo para de fato pensar - você estava na minha cabeça, e agora, que são quase onze da noite, você ainda está.
   Não vou levar estas palavras a você não só porque sou uma chuva de palavras, mas também porque tenho medo de que elas sejam demais. Mas não posso negá-las, você não merece que eu as negue. E não tenho tanto medo assim de que sejam demais. Registro essas palavras como um feito discreto e moderado de que assim como das onze às onze eu fui incapaz de deixar teus braços, agora que já são onze você ainda não deixou minha mente.
   E a sua presença melhorou bastante esse ambiente insalubre. Ouvi música o dia inteiro, coisa que eu não fazia faz tempo. Se você permitir que eu me apaixone por você, vai ser bem fácil. Mas você só vai saber disso se eu achar que talvez você deixe. Talvez só mesmo quando meu corpo já não for prova de que você existe. Ou talvez às onze de amanhã. 

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