quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Não pode

Deve ter sido esse vento
Assobiando, assim
Sem pressa, sua voz

Só pode ter sido,

Só pode.

Tantas vezes eu te quis
Noutro olhar amorfo,

Mas o vento te traz
Em memória avolumétrica,
Deixa d'eu livre, voraz.

Eu me perco em ti,
Onda a onda amável,
Teu cabelo é in ventável
Tantras nossas timidezes

E em tuas curvas crescentes
Tão turvas subconscientes
Se em sibilo me consentes,

Ah, pode?

Deve ter sido esse vento
Assobiando assim
Sempre essa sua voz

Porque já não posso.

Estou preso ao cinto,
Preso a não pensar
No vento sucinto,

Porque ele me brisa,

Mas eu não te sinto,
Porque ao primeiro desleixo
De meus olhos atrevidos,
Grudo ao meu peito meu
                                    [queixo.

Teu eco que vem do vento
Com poder, me desconcentra,
Sem teu eco, descontento,

Não fode.

Não estraga agora
Que eu me acostumei
A te deixar para fora,
Agora não pode.

Volúvel libido
É a lei do proibido
Que lembra você.

Jamais deveria
Dar ouvido atento ao vento

Que te projeta aqui junto
À minha dama, conjunto,
Ofuscando a mente,
Pois não deveria, jamais

Existir feitiço
Feito a ti, é isso,
Só poderia ser isso

Que você me faz,

Mas, eu já me deito
Para te deitar ao sonho.
Teu olhar é decidido
E minha fraqueza aceito.

Nessas vis leis de atração
Aquilo que tanto explode
É o desejo proibido

E não pode.

Nenhum comentário:

Postar um comentário