sábado, 14 de novembro de 2015

Café do fim da alvorada

Senta aí,
É cedo,
Eu acabei de colocar a água pra
                    [ferver.
Não e incômodo não,
Jamais,
Nunca seria.

Todo o fim,
O confim,
O meio e o início da minha vida
Culminaram até essa pausa
Para um cafézinho
Porque acabo de ouvir
Todas as palavras que poderiam
                    [ser suas,
Sentir que todo o tempo do futuro,
Aquele que eu imaginei,
Duraria até
A última gota
De café.

Você me deu o silêncio,
Olhou,
Tentou disfarçar, mas olhou,
Daquele jeito nervoso cafeína
Você olhou para o relógio.
É cedo
E eu não quero falar sobre isso.

É tanta coisa
Que é melhor eu passar o café,
Você gosta bem forte,
E eu, cheio de leite,
E ao lembrar disso,
Deixei o sorriso morrer quando
                    [percebi
Que estava sorrindo.
Café amargo,
Você também,
E é tanta coisa,
Tanta mesmo,
Que vai se acumulando em mim
Como o pózinho no coador
E você poderia ser como um balde
                    [de água morna.

Não se atrase,
Não por mim.
Eu mal dei o primeiro gole,
Mas eu prefiro não conversar,
Talvez deixar pra outra hora,
Se você for ficar olhando
Para esse diabo de relógio
Enquanto ainda é cedo.

Deixa a porta aberta quando sair,
Por favor,
E vai com dEUS.
Os azulejos coloridos da cozinha,
A mesa patinada em tons pastel,
O cheirinho de café forte,
O nascer do Sol,
É tudo tão lindo
E tão triste,
Porque foi o melhor cafézinho
Da minha vida,
E ainda é cedo
Para saber que nunca,
Jamais,
Haveria algum melhor.

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