segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Eu vos declaro Ego e Solidão

Ela caminha,
O sorriso que fere na minha
                    [melancolia
Fere na melancolia que é só
                    [minha,
O olhar de assassina branca,
Ela caminha branca como a
                    [morte,
Ecoa na dor que me definha,
Ecoa na morte que me
                    [espanca,
Ecoa.
Escoa nas lágrimas que não
                    [contenho
Enquanto ela caminha.

Eu na cama,
Ela caminha
Até os olhos que foram tão
                    [meus,
Ou um pouco nós sós,
Ou ao menos reflexivos,
E eles sabem que me procuram
                    [em todas as
                     cadeiras do templo,
Mas eu, na cama,
Não quis ouvir dizer
À morte
Que agora só me resta esperar
                    [morrer.

Eu em cana,
Ela calminha,
Aqueles olhos me prendem
                    [porque eu sei a
                     liturgia décor.
E a morte me carrega
Feito eu fosse um buquê,
Já que tenho tanto resto de
                    [vida quanto as
                     flores,
E, eu vivo por quê,
Se a morte vestida de branco
                    [é tão linda?

Eu vazia como a cama,
À minha chama ela caminha,
E não pude ser testemunha
Porque ela é linda quando,
                    [inocente,
Suga minha vida para compor
                    [seu sorriso,
E eu morro latente.

Ao menos reflexiva,
Ao espelho ainda sou bonita,
Mas ela é mais e não resisto
A esse sorriso que atiça a dor
E já sei que sou tudo menos
                    [forte,
Por favor, me entreguem à
                    [morte
E traguem meu corpo à boca
                    [de seu senhor.

E ao pensar na morte
Vestida de branco sobre o
                    [altar,
Sei que a desejo como os
                    [olhos que a
                     esperam,
Sei que há tempos nesse
                    [olhar, espero,
Sei que nesse jogo fui mero
                    [artifício,
Pois se a beijo no altar, sou só
                    [sacrifício.

Nenhum comentário:

Postar um comentário